Dilma recebe juristas para discutir processo de impeachment
BRASÍLIA — O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) que fixe limites aos magistrados quanto aos grampos telefônicos e ao sigilo das investigações. Cardozo discursou durante o encontro da presidente Dilma Rousseff com juristas no Palácio do Planalto nesta terça-feira.
— Não é possível um estado democrático de direito em que temos um sigilo tratado dessa forma. Não é possível que conversa telefônica não seja remetida ao STF, que sejam anexadas a um inquérito e divulgadas em rede de televisão — afirmou Cardozo,. — Acho repugnante que se faça uma coisa desse tipo para engrossar o pedido de impeachment.
O ministro da AGU disse que a bandeira do governo será a defesa da Constituição, e lançou um lema ao dizer que a Carta Magna pode ser resumida em duas palavras:
— Não passarão! — afirmou, encerrando seu discurso, sendo a frase repetida pelos convidados presentes.
No encontro, juristas manifestaram apoio à permanência de Dilma na Presidência. Entre os documentos apresentados pelo movimento, está uma carta repudiando a decisão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de apoiar o processo de impeachment que tramita na Câmara.
MENOS COXINHA, MAIS CROQUETE
No primeiro discurso, Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, afirmou que não é possível usar a “toga para fazer política”, e disse que está crescendo um grupo “fascista” no país que quer um “golpe”.
Dino afirmou que a tentativa de tirar Dilma do Planalto, que ele classificou como “golpe”, é de “1% da sociedade”, que quer manter privilégios.
— É 1% da população que usa, há várias décadas, essa estratégia para proteger seus interesses – afirmou o governador, que completou: — Na verdade pretendem proteger seus privilégios de classe, carta e estamento. Há um crescimento dramático de posição de porte fascista no nosso país.
A fala do governador foi interrompida algumas vezes por gritos de “Não vai ter golpe” da plateia.
Sem citar nomes de juízes, Dino afirmou que a toga não pode ser utilizada para insuflar manifestações ou fazer política. O governador, ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), também criticou veladamente o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao impeachment. Ele lembrou o apoio da OAB à ditadura.
— Não use a toga para fazer política porque isso acaba por destruir o poder Judiciário – afirmou Dino, e encerrou sua fala: — Não vai ter golpe, companheiros. Viva a constituição e a democracia.
Nas quase duas horas de solenidade, o sub-procurador geral da República João Pedro Saboia Filho, do movimento do Ministério Público pela Democracia, protagonizou um momento de descontração no Planalto, ao declarar, ao fim de seu discurso:
— Menos coxinha e mais croquete — provocando aplausos e risadas da plateia.