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Brasil em alerta: disparam internações e casos por coqueluche em crianças menores de 5 anos

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Brasil em alerta: disparam internações e casos por coqueluche em crianças menores de 5 anos

Brasil – O número de casos de coqueluche, também conhecida como tosse comprida, entre crianças com menos de cinco anos disparou 1.253% em 2024 em comparação com o ano anterior.

De acordo com levantamento do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Unifase), com base em dados do DataSUS, foram 4.304 registros, contra apenas 318 em 2023.

As internações também cresceram significativamente, registrando um aumento de 217% — subindo de 420 para 1.330. Até agosto deste ano, já haviam sido contabilizados 1.148 casos e 577 hospitalizações.

A coqueluche é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis e transmitida por gotículas expelidas na tosse, fala ou espirro.

O período de incubação varia de cinco a 21 dias, e os sintomas costumam incluir crises intensas de tosse, seguidas por dificuldade para respirar.

O aumento de casos vem acompanhado de uma preocupação ainda maior: as mortes causadas pela doença.

Em 2024, 14 crianças com menos de cinco anos morreram em decorrência da coqueluche — número superior ao total de óbitos registrados entre 2019 e 2023, que foi de dez.

Cobertura vacinal melhora, mas ainda é insuficiente

Apesar de o país ter avançado na cobertura da vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, a imunização ainda não atinge o índice ideal. Em 2024, a cobertura passou de 87,6% para 90,2%, mas segue abaixo da meta de 95% estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Segundo a pesquisadora Patrícia Bocollini, coordenadora do Observa Infância, há grande desigualdade entre os municípios.

“Os números nacionais nem sempre refletem a realidade local.

Existem regiões com baixa adesão às vacinas, o que cria bolsões de vulnerabilidade e facilita a disseminação da doença”, explicou.

Dados do Unicef e da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em 2024, 2,3 milhões de crianças receberam a primeira dose da DTP no Brasil, mas 229 mil ainda não haviam tomado nenhuma.

Regiões com maior incidência

Em 2024, a taxa média nacional de incidência da coqueluche ficou em 95 casos por 100 mil crianças.

Os maiores índices foram registrados no Paraná (443,9), Distrito Federal (247,1) e Santa Catarina (175,9).

Em relação às internações, o Amapá lidera com 158,3 internações por 100 mil crianças, seguido de Santa Catarina (83,5) e Espírito Santo (46,0) — números bem acima da média nacional, que foi de 29,4.

Pandemia e falhas na vacinação agravaram o cenário

Entre os fatores apontados para o aumento de casos estão os atrasos nas doses de reforço da vacina DTP, que já apresentavam baixa adesão antes da pandemia e pioraram durante a crise da Covid-19.
“Muitas crianças não receberam as doses no tempo correto.

Esses grupos desprotegidos ficaram suscetíveis e agora estamos vendo o reflexo disso”, afirmou Bocollini.

Durante a pandemia, unidades básicas de saúde tiveram de adaptar o funcionamento e parte dos profissionais foi direcionada para o combate ao coronavírus, o que acabou prejudicando as campanhas de vacinação infantil.

Outro ponto destacado é a baixa adesão à vacina DTPA, versão acelular da tríplice bacteriana indicada para gestantes. A imunização deve ser feita a cada gravidez, preferencialmente no terceiro trimestre, garantindo a transferência de anticorpos ao bebê.

Campanha Nacional e alerta internacional

Para reverter o cenário, o Ministério da Saúde iniciou nesta segunda-feira (6) a Campanha Nacional de Multivacinação, voltada para crianças e adolescentes menores de 15 anos com vacinas atrasadas.

Em junho, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) já havia emitido um alerta epidemiológico sobre o aumento dos casos de coqueluche nas Américas.

Dois meses depois, em agosto, a entidade reforçou o alerta ao detectar cepas resistentes a antibióticos, pedindo que os países fortaleçam a vigilância e ampliem a cobertura vacinal.

“A atenção básica é a chave para alcançar as crianças que ainda não receberam todas as doses da vacina”, concluiu Bocollini.


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