Governador da Flórida determina fim de contratações com visto H-1B em universidades e critica “mão de obra barata”
Mundo – O governador da Flórida, Ron DeSantis, determinou nesta quarta-feira que o sistema universitário estadual deixe de contratar profissionais estrangeiros por meio do visto H-1B — modalidade usada para trazer trabalhadores qualificados de outros países aos Estados Unidos. A ordem, anunciada durante evento na Universidade do Sul da Flórida (USF), em Tampa, inclui uma revisão imediata das contratações vigentes.
DeSantis questionou por que instituições públicas do estado mantêm funcionários com o visto H-1B, citando exemplos como um professor de políticas públicas da China, uma psicóloga e conselheira do Reino Unido, um coordenador esportivo de Trinidad e Tobago e até um técnico assistente de natação vindo da Espanha. Segundo o governador, posições como essas deveriam ser preenchidas por residentes da Flórida ou por cidadãos norte-americanos.
“Não faz sentido. Podemos fazer com nossos residentes na Flórida ou com americanos, e se não podemos, então precisamos olhar profundamente para o que está acontecendo”, declarou DeSantis.
A orientação será analisada pela Board of Governors, entidade que administra o sistema universitário estadual e que se reúne na próxima semana, também na USF. O presidente interino da Universidade da Flórida, Donald Landry, afirmou apoiar a revisão e disse que a instituição já iniciou sua própria análise interna.
Crítica à política federal e acusação de redução de custos
A medida surge após o governo Donald Trump anunciar, neste mês, uma taxa de US$ 100 mil para a obtenção do visto H-1B, endurecendo ainda mais o processo para estrangeiros altamente qualificados que buscam trabalhar nos EUA. DeSantis reforçou o discurso alinhado à política federal, classificando grande parte das contratações internacionais como estratégia para economizar com salários.
“H-1B tem sido usado como mão de obra barata para reduzir custos”, afirmou o governador.
Efeito imediato e preocupações no meio acadêmico
A ordem gera apreensão no meio universitário, que historicamente depende da diversidade acadêmica e da expertise internacional para fortalecer pesquisas e programas educacionais. Professores estrangeiros representam parcela importante de projetos científicos e da produção acadêmica nos EUA, especialmente em áreas como tecnologia, ciência e inovação.
Analistas afirmam que a decisão pode limitar a competitividade das universidades da Flórida, reduzir a diversidade cultural nos campi e afastar talentos internacionais que tradicionalmente contribuem para a excelência acadêmica do país.
Por outro lado, apoiadores do governador argumentam que a iniciativa protege oportunidades para trabalhadores locais e pressiona universidades a priorizarem profissionais americanos.
A decisão ainda será formalizada, mas já provoca forte debate sobre imigração, educação e o papel das universidades no desenvolvimento econômico e científico dos Estados Unidos.



