Flórida supera 100 lançamentos no ano e entra em nova era espacial com pressão por modernização
Mundo – A Costa Espacial da Flórida alcançou um marco histórico: ultrapassou pela primeira vez a marca de 100 lançamentos orbitais em um único ano, impulsionada pelo ritmo frenético das missões Starlink da SpaceX. O feito, registrado em 20 de novembro, confirma a transformação da região em um dos polos aeroespaciais mais ativos do planeta — e revela um desafio crescente: como manter a infraestrutura capaz de acompanhar esse volume sem precedentes?
O Coronel Brian Chatman, comandante do Space Launch Delta 45, sintetizou o momento: “O volume de trabalho veio para ficar. Agora, o próximo passo é garantir que a infraestrutura suporte essa demanda”. Ele assumiu o comando em junho e, desde então, lidera o planejamento da modernização do chamado Campo de Testes Leste, que ainda opera com estruturas herdadas da era Apollo.
Ritmo acelerado e novos players
A SpaceX segue ditando o ritmo: só em 2025, já são 2.814 satélites Starlink lançados, incluindo a 150ª missão do ano realizada em 22 de novembro. Porém, esse cenário tende a ficar ainda mais movimentado. A United Launch Alliance (ULA) deve ampliar a cadência do novo foguete Vulcan, enquanto a Blue Origin intensifica as operações com o New Glenn.
Além disso, a própria SpaceX pretende iniciar, já em 2026, os primeiros lançamentos da Starship a partir da Flórida, transformando o panorama operacional com um veículo de porte e complexidade inéditos.
Pressão por modernização
Para sustentar esse novo ecossistema espacial, o Congresso aprovou US$ 1,3 bilhão até 2028 para o programa Porto Espacial do Futuro — maior investimento em infraestrutura do Cabo Canaveral em três décadas. O objetivo é eliminar gargalos, reorganizar fluxos e atualizar sistemas críticos.
Uma das mudanças já em andamento envolve retirar profissionais das áreas próximas às plataformas e transferi-los para uma zona industrial. A medida permite que atividades de rotina continuem mesmo durante abastecimento, transporte ou contagem regressiva dos foguetes, reduzindo atrasos provocados por evacuações de segurança.
Outra modernização envolve a instalação de scanners digitais nos postos de inspeção, agilizando o fluxo de caminhões que transportam desde propelentes até equipamentos altamente sensíveis.
Tecnologia para reduzir intervalos entre lançamentos
A adoção crescente dos Sistemas Automatizados de Término de Voo (AFTS) também diminui o tempo de espera entre missões. Como a maioria dos foguetes já decide automaticamente se deve encerrar o voo em caso de anomalia, o controle em solo não precisa mais de horas de preparação entre decolagens.
Ainda assim, conciliar lançamentos de empresas diferentes é um desafio: cada foguete usa frequências distintas de rádio, propelentes próprios e estruturas exclusivas. A SpaceX pode lançar dois Falcon em poucas horas; ULA e Blue Origin, não.
Contrato bilionário para reestruturação
Para conduzir a modernização nas bases da Flórida e da Califórnia, a Força Espacial firmou um contrato de 10 anos, avaliado em até US$ 4 bilhões, com a empresa Amentum. A meta é reestruturar engenharia, manutenção e integração dos campos de testes — considerados por Chatman como um “conjunto de ativos envelhecidos que exigem uma revisão completa”.
Starship: o próximo salto da Flórida
A chegada da Starship ao estado é tratada como prioridade. O foguete gigante terá plataformas próprias, linhas de produção e uma complexa preparação de segurança. O Centro Espacial Kennedy e a SpaceX já trabalham juntos para adaptar o histórico LC-39A, enquanto novos complexos começam a ser planejados.
Chatman prevê que os lançamentos da Starship comecem no “início ou meados de 2026”, com o campo de testes já preparado para suportar a operação.


