Empresário brasileiro é investigado por lavagem de dinheiro com compra de imóveis de luxo na Flórida
Brasil – O empresário Alessandro do Nascimento, conhecido como Sandro Tubarão, proprietário da Tubarão Sports, está no centro de uma investigação da Polícia Civil que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a compra de imóveis de alto padrão nos Estados Unidos. A suspeita surgiu no âmbito da Operação Suserano, deflagrada em 24 de setembro de 2024, que investiga desvios de recursos públicos por meio de emendas parlamentares destinadas à Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) de Mato Grosso, em contratos com o Instituto Pronatur.
Segundo o relatório assinado pela delegada Juliana Rado, Alessandro planejava adquirir duas casas no condomínio Westhaven at Ovation, em Orlando, Flórida, avaliadas em mais de US$ 1,1 milhão (aproximadamente R$ 7 milhões). As negociações, intermediadas pela imobiliária 18 Homes LLC, representada pelo cuiabano Tiago White Bueno da Silva, coincidiram com o período em que a empresa do empresário recebia recursos públicos de contratos com indícios de superfaturamento de até 80%, conforme auditoria da Controladoria-Geral do Estado (CGE). Um contrato de confidencialidade firmado entre Alessandro, sua esposa Herley Cristina e a imobiliária estipulava multa de US$ 30 mil em caso de quebra de sigilo.
No Brasil, as investigações apontaram que Alessandro adquiriu um apartamento de luxo no edifício Apogeo, em Cuiabá, por R$ 2,9 milhões. Inicialmente registrado em nome de sua filha, Ana Caroline Ormond, o imóvel foi transferido para o nome do empresário, levantando suspeitas de simulação, já que a renda de Ana Caroline seria incompatível com o financiamento.
A Operação Suserano revelou indícios de que Alessandro e sua filha tinham conhecimento prévio da ação policial. Horas antes da deflagração, o empresário comprou passagens aéreas às pressas, às 19h de 23 de setembro, embarcando com a família na madrugada do dia 24, rumo a um destino não informado. Imagens do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Cuiabá, mostram Alessandro adquirindo as passagens enquanto Ana Caroline fornecia o cartão para a compra. A Polícia Civil constatou que, antes de deixar a cidade, Alessandro entregou caixas com documentos a um casal amigo, em um condomínio na capital, e deixou um celular e um notebook em uma loja no aeroporto, pertencente a uma amiga de infância de sua filha.
Ao retornar a Cuiabá no dia 25, Alessandro foi abordado pela polícia, que apreendeu R$ 10 mil em espécie e um celular Samsung, embora a investigação indique que ele usava um iPhone à época. Na sede da Tubarão Sports, foram encontrados canhotos de cheques com anotações de “saque” e documentos ligados ao Instituto Pronatur e à empresa Tupã Comércio. Um caderno com a expressão “queimar documentos” reforçou as suspeitas de tentativa de obstrução da Justiça.
A investigação, que também envolve o ex-secretário da Seaf, Luiz Artur de Oliveira Ribeiro, e 14 deputados estaduais, aponta para crimes como desvio de recursos públicos, fraude em licitações e possível interferência nas eleições de 2024. Diante dos indícios de crimes eleitorais e da complexidade do caso, o inquérito foi encaminhado à Polícia Federal para prosseguimento. A Operação Suserano expõe um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que, segundo a Polícia Civil, pode ter ramificações internacionais, com Alessandro do Nascimento no centro das atenções.