Técnico do Flu que perdeu duas filhas encontra ‘forças’ no kardecismo
O treinador uruguaio Leo Percovich esteve à beira do campo, no último sábado (26), pela primeira vez após o acidente de carro que matou as duas filhas dele, em 17 de dezembro do ano passado. Ele comandou a equipe sub-20 do Fluminense na partida contra a Portuguesa (1-1), pelo campeonato estadual da categoria
Após a atividade, Percovich concedeu uma entrevista ao jornal “O Globo” e falou sobre a dor da tragédia familiar.
“A ida das minhas filhas terá sido em vão se eu continuar sofrendo. E meu filho merece ser feliz. Para isso, tem que ver os pais felizes e fortes. Apesar de me sentir vazio por dentro, é isso que procuro fazer: me encher outra vez daquela alegria e amor e passar tudo para eles. Estou dando tudo o que tenho, mas sentindo que ainda é pouco. Preciso aprofundar mais”, disse ele à Rafael Oliveira, repórter do diário carioca.
Percovich contou também que encontrou forças e conforto para superar o trauma no kardecismo.
“Começamos a entender que existe uma conexão, um porquê e um quando. A gente se refugia nisso porque dá paz. Não acaba com a dor. Mas aprendemos a não viver com sofrimento, que é diferente. A dor vai continuar pelo resto da vida. Mas você a coloca de lado, ajeita. Já o sofrimento te mata”, contou o treinador, revelando ainda uma conversa com Abel Braga, técnico da equipe principal do Flu e que perdeu um filho num acidente doméstico, em julho de 2017.
“Perguntei como fazia para continuar. Ele falou: ‘Pega sua esposa, seus amigos e sua família e se dedica ao trabalho para você se manter forte. Porque a dor não vai passar’. Eu entendo a dimensão do que ele passou. E ele sabe onde eu estava metido”, comentou.
No acidente, ocorrido em uma ponte na rodovia BR-040, em Santos Dumont, na Zona da Mata de Minas Gerais, Leo Percovich fraturou sete costelas, teve um pulmão perfurado e deslocou a clavícula. A esposa dele, Juliana, e o filho Gianpietro, também estavam no carro e sobreviveram.
