Brasília Amapá Roraima Pará |
Manaus
STORIES
Brasília Amapá Roraima Pará

Bruno Henrique: Investigação da PF avança e mira apostas na Blaze em esquema de Cartão Amarelo

Compartilhe
Bruno Henrique: Investigação da PF avança e mira apostas na Blaze em esquema de Cartão Amarelo

Manaus – A Polícia Federal (PF) intensifica as investigações sobre o atacante do Flamengo, Bruno Henrique, indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva, em um caso que envolve manipulação de apostas no Campeonato Brasileiro de 2023. Mesmo após o indiciamento, a PF agora concentra esforços em novas frentes, especialmente nas apostas realizadas na plataforma Blaze, relacionadas ao cartão amarelo recebido pelo jogador na partida contra o Santos, em 1º de novembro de 2023, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. As apurações revelam mensagens comprometedoras e apontam para a participação de pessoas próximas ao atleta, enquanto o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) prepara uma denúncia iminente.

A investigação teve início após a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) receber um alerta da International Betting Integrity Association (IBIA) sobre movimentações atípicas nas apostas para o cartão amarelo de Bruno Henrique. Casas de apostas como Betano, GaleraBet e KTO relataram que entre 95% e 98% das apostas no jogo Flamengo x Santos estavam direcionadas à punição do jogador, um volume considerado fora do padrão. A PF identificou que a Blaze, outra plataforma de apostas, também foi usada por quatro suspeitos indiciados, todos ligados ao irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior, apontado como intermediador do esquema.

Os quatro apostadores investigados na Blaze são Rafaela Cristina Elias Bassan, Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Andryl Sales Nascimento dos Reis. Apesar de a PF ter solicitado dados cadastrais, valores apostados e ganhos, a Blaze forneceu apenas as identidades dos usuários, alegando restrições do Marco Civil da Internet e da Lei de Lavagem de Dinheiro. Essa recusa tem gerado críticas dos investigadores, que argumentam que a falta de cooperação dificulta o avanço das apurações, contrariando a obrigação legal de colaboração com autoridades.

A PF analisou 3.989 conversas no WhatsApp de Bruno Henrique, mas muitas estavam apagadas, levantando suspeitas de que o jogador deletou registros. No entanto, o celular de Wander revelou diálogos cruciais. Em uma troca de mensagens antes do jogo contra o Santos, Wander pergunta se Bruno “aguentaria ficar até lá sem cartão”, ao que o atacante responde que só receberia o cartão se “entrasse forte em alguém”. Wander, então, afirma que iria “guardar dinheiro” para a aposta, chamando-a de “investimento com sucesso”. Para a PF, isso sugere que Bruno passou informações privilegiadas ao irmão.

Outro diálogo, datado de 9 de dezembro de 2023, mostra Wander pedindo R$ 4 mil emprestados a Bruno para pagar dívidas de cartão de crédito e pensão, alegando que uma aposta de R$ 3 mil, feita para ganhar R$ 12 mil no cartão amarelo, foi bloqueada por “atividade suspeita”. Wander escreveu: “No dia que você me deu ideia do cartão, eu apostei 3 mil pra ganhar 12 mil. Só que até hoje eles não pagou, eles colocou a aposta sobre análise.” Bruno responde de forma vaga, mas no dia seguinte envia um comprovante bancário, prometendo “pegar dinheiro” para ajudar o irmão. A PF interpreta essas mensagens como evidência de envolvimento direto do jogador no esquema.

O MPDFT, que conduz uma investigação paralela com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), prevê oferecer denúncia contra Bruno Henrique até o fim de abril. O caso é tratado no Distrito Federal, onde ocorreu o jogo. Segundo o Metrópoles, o MP descarta um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), pois os crimes imputados – estelionato e fraude em competição esportiva – não atendem aos critérios, que exigem pena mínima inferior a quatro anos. Se denunciado e aceito pela Justiça, Bruno pode se tornar réu em um processo criminal.
No âmbito esportivo, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) arquivou uma investigação em 2024, considerando o lance do cartão “normal” e o lucro das apostas “ínfimo”. No entanto, após o indiciamento, o STJD solicitou o compartilhamento das provas da PF, o que pode reabrir o caso e resultar em punições, como suspensão do jogador. O Flamengo, em nota, afirmou não ter sido oficialmente notificado, mas reforçou seu compromisso com o fair play e a presunção de inocência, mantendo Bruno Henrique no elenco.

Na partida investigada, o Santos venceu o Flamengo por 2 a 1. Bruno Henrique, que entrou em campo “pendurado” com dois cartões amarelos, recebeu o cartão aos 50 minutos do segundo tempo por uma falta em Soteldo, seguida de uma expulsão por ofender o árbitro Rafael Klein, chamando-o de “merda”, segundo a súmula. A PF identificou quatro outros momentos no jogo em que o jogador poderia ter sido advertido, o que aumentou as suspeitas de manipulação, especialmente pela demora na punição, que causou ansiedade entre os apostadores, conforme mensagens interceptadas.

A resistência da Blaze em fornecer dados financeiros é um obstáculo, mas a PF planeja expandir a investigação para outras plataformas de apostas, buscando padrões de manipulação. Enquanto isso, o MPDFT pretende ouvir Bruno Henrique e outros suspeitos nas próximas semanas. A notoriedade do caso, envolvendo um ídolo do Flamengo, tem pressionado as autoridades por celeridade, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles.

A assessoria de Bruno Henrique e os demais citados não se manifestaram. O Flamengo segue apoiando o jogador, que continua treinando e jogando normalmente. No entanto, com a possibilidade de uma denúncia criminal e a reabertura do caso no STJD, o futuro do atacante permanece incerto, tanto nos gramados quanto na Justiça.





Siga-nos no Google News Portal CM7



Carregar mais