“Persona non grata”: Zezé Di Camargo é banido das programações do SBT
Brasil – O cantor Zezé Di Camargo, conhecido por suas posições políticas fortes e apoiador de Jair Bolsonaro, acabou de romper uma longa relação com o SBT. Nos bastidores da emissora, a informação é clara: o sertanejo não será mais convidado para qualquer programa, tornando-se uma figura indesejada no canal fundado por Silvio Santos, que faleceu em 2024.
A crise explodiu após o lançamento do SBT News, novo canal de jornalismo da emissora, que reuniu autoridades de diferentes espectros políticos, incluindo o presidente Lula (PT), o ministro do STF Alexandre de Moraes e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Zezé, indignado com a presença de figuras associadas ao governo federal, gravou um vídeo nas redes sociais manifestando sua revolta.
No pronunciamento, o artista argumentou que a emissora estaria mudando sua linha editorial, afastando-se do que ele considera o legado de Silvio Santos. Ele chegou a pedir que o SBT não exibisse o especial de Natal “Natal é Amor”, gravado por ele com participações de convidados como Alexandre Pires e Paula Fernandes, originalmente programado para ir ao ar em 17 de dezembro. O ponto mais polêmico foi quando Zezé afirmou: “Amo o SBT, tenho o maior carinho, mas acho que vocês estão, desculpem, prostituindo a emissora. Eu não faço parte disso.”
A declaração foi interpretada como um ataque direto às filhas de Silvio Santos, que hoje comandam o canal – especialmente Daniela Beyruti, presidente da emissora, e suas irmãs. Fontes internas indicam que o uso do termo “prostituindo” foi o estopim para a decisão drástica: Zezé foi declarado persona non grata, com proibição de aparições em qualquer atração, inclusive noticiários. A medida, no entanto, não se estende a familiares do cantor, como sua filha Wanessa Camargo, que segue bem-vinda na casa.
Em resposta imediata, o SBT cancelou a exibição do especial de Natal, substituindo-o por ajustes na grade, como extensão de programas esportivos e, em algumas versões, até um episódio clássico de “Chaves”. Daniela Beyruti publicou uma carta aberta defendendo a pluralidade do evento: “Queremos combater a falta de diálogo em um povo que tem muitas virtudes e que amamos tanto. Essa é a proposta do SBT News.”
Diante da repercussão negativa, que incluiu críticas até de aliados como o senador Flávio Bolsonaro – que chamou a expressão de “exagero” –, Zezé voltou atrás e publicou um pedido de desculpas. Ele esclareceu que usou “prostituindo” em sentido figurado, sem intenção ofensiva ou de gênero: “Em nenhum momento houve a intenção de desrespeitar as mulheres da família Abravanel ou qualquer mulher. Minhas palavras causaram desconforto, e por isso peço desculpas sinceras.”
Mesmo com a retratação, o veto ao cantor parece mantido, sinalizando que o episódio deixou marcas profundas na relação entre o artista e a emissora que o acolheu por décadas. O caso expõe as tensões da polarização política no entretenimento brasileiro, onde convites institucionais acabam gerando controvérsias inesperadas.


