“Parecia gilete nos meus olhos”: seguidora diz ter ficado cega após usar rímel da WePink, de Virgínia; veja vídeo
Brasil – Diversas consumidoras estão relatando problemas graves de saúde ocular após o uso do sérum “Wedrop”, da marca Wepink, criada pela influenciadora Virgínia Fonseca. Entre as principais queixas estão queimaduras nas córneas, visão embaçada e dores intensas nos olhos. O produto, voltado para fortalecimento e crescimento de cílios e sobrancelhas, está sendo investigado por possíveis reações adversas severas.
Uma das consumidoras afetadas é Lidiane Herculano, de 45 anos, moradora de Nova Iguaçu (RJ). Cabeleireira, ela afirma que aplicou o produto antes de dormir e, horas depois, acordou com a visão “nublada e acinzentada”. Segundo Lidiane, ela foi diagnosticada com queimaduras nas córneas por dois médicos diferentes e passou dias em recuperação, sem conseguir abrir os olhos devido à dor.
“Parecia gilete cortando os meus olhos. Tive que usar quatro tipos de colírios e fiquei dependente de outras pessoas por dias. A maior sequela foi emocional, porque achei que não voltaria a enxergar”, relatou.
Além do caso de Lidiane, pelo menos outras dez reclamações semelhantes foram registradas no site Reclame Aqui desde 2023. Usuárias relatam sintomas como dor intensa, inchaço, vermelhidão e até inflamações oculares após o uso do Wedrop.
A embalagem do produto afirma que ele foi testado dermatologicamente, mas não há menção a testes oftalmológicos — ponto considerado crucial por especialistas, já que se trata de um cosmético aplicado em área extremamente sensível e próxima aos olhos.
Veja o vídeo:
Em nota enviada à imprensa, a Wepink informou que entrou em contato com Lidiane e solicitou o envio do produto para análise pericial, mas, segundo a marca, a consumidora se recusou a colaborar em um primeiro momento. “Seguimos aguardando o envio do produto para analisarmos”, disse o comunicado oficial.
Para o oftalmologista Sergio Felberg, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, mesmo produtos aprovados pela Anvisa podem causar danos sérios se entrarem em contato com a região ocular. Substâncias com base alcoólica ou ácida, comuns em cosméticos, podem desencadear reações tóxicas graves.
“Algumas reações podem ser suficientemente tóxicas para comprometer a visão de forma permanente”, alerta o especialista.
O diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Cesar Motta, reforça que o uso de qualquer produto nos olhos deve ser feito com extrema cautela e, preferencialmente, sob orientação médica.
Diante das denúncias, familiares de Lidiane afirmaram que pretendem tomar medidas judiciais contra a empresa. Enquanto isso, o caso reacende o debate sobre a segurança dos cosméticos no Brasil e a responsabilidade das marcas no teste e divulgação de informações sobre seus produtos.