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Morre José Roberto Guzzo: o gigante do jornalismo que desafiou os poderosos

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Morre José Roberto Guzzo: o gigante do jornalismo que desafiou os poderosos

Brasil- Em 2 de agosto de 2025, o jornalismo brasileiro perdeu uma de suas vozes mais marcantes: José Roberto Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo, faleceu aos 82 anos, vítima de um infarto, em São Paulo. O velório ocorre neste domingo, 3 de agosto, em uma cerimônia restrita à família e amigos próximos. Com uma carreira que abrange mais de seis décadas, Guzzo foi um pilar da imprensa nacional, reconhecido por sua escrita primorosa, independência intelectual e coragem para confrontar os poderosos com análises afiadas e uma ironia refinada.

Guzzo começou sua trajetória em 1961, como repórter do jornal Última Hora, em São Paulo, mas foi na revista Veja que construiu seu maior legado. Sob sua direção, a publicação, que enfrentava dificuldades financeiras na Editora Abril, tornou-se a maior e mais respeitada revista do Brasil, alcançando uma circulação de 1,2 milhão de exemplares por semana – a quarta maior do mundo, atrás apenas de Time, Newsweek e Der Spiegel. Sua habilidade em transformar textos complexos em narrativas envolventes, com “clareza máxima”, rendeu-lhe o apelido de “mão peluda” nas redações, onde era admirado por sua precisão editorial.

“Um jornalista fracassa se não conseguir interessar o público”, dizia, enfatizando que o sucesso de um texto dependia do julgamento do leitor.No final dos anos 1980, Guzzo acumulou a direção editorial de Veja com a da revista Exame, onde também realizou uma profunda transformação editorial, tornando-a financeiramente sustentável. Mais tarde, no início dos anos 2000, assumiu um assento no conselho editorial da Abril e passou a escrever colunas para Veja e Exame. Sua máxima, “o que vende revista é revista boa, com boas matérias”, refletia sua visão prática e objetiva do jornalismo.

Ele também minimizava discussões sobre a “chapelaria” – o rótulo que define a seção de uma matéria – afirmando que o importante era a qualidade do conteúdo publicado.A partir de 2019, como colunista de política do Estadão, Guzzo brindou os leitores com textos que desafiavam narrativas predominantes, oferecendo perspectivas novas e provocadoras. Sua última coluna, intitulada O governo brasileiro decidiu que Moraes está acima das obrigações humanas, como arcanjos e profetas, foi enviada ao jornal na sexta-feira, 1º de agosto, um dia antes de sua morte, reafirmando sua postura incansável.

Nos últimos anos, ele também foi pioneiro ao migrar para o jornalismo digital, sendo um dos fundadores da Revista Oeste, ao lado de Jairo Leal e Augusto Nunes, onde se destacou como conselheiro editorial e principal articulista.

Além de sua genialidade profissional, Guzzo era um mentor para muitos jornalistas. Nos bastidores, era conhecido por sua exigência com a clareza e precisão dos textos, mas também por sua generosidade como amigo.

Recentemente, trabalhava em home office devido a problemas de saúde causados por diabetes, que afetaram sua mobilidade, obrigando-o a usar uma bengala. Ainda assim, mantinha o hábito de promover “charutadas” no Esch, encontros regados a café e charutos onde discutia os rumos do jornalismo com entusiasmo.

Guzzo deixa um legado de mais de meio século na imprensa brasileira, marcado pela qualidade intelectual, defesa da liberdade de expressão e coragem para sustentar posições firmes em tempos de polarização. Sua paixão por jornalismo econômico e política internacional trouxe leveza e profundidade a temas complexos, enquanto sua ética e rigor inspiraram gerações. Sua ausência será sentida não apenas pelas análises cortantes, mas pela presença constante no debate público. J.R. Guzzo sai de cena como viveu: provocando reflexões profundas e iluminando o jornalismo com sua genialidade.


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