Prefeito Arthur Virgílio fala do massacre do Compaj na rede social
A tragédia que se abateu sobre Manaus abalou o país e chocou o mundo, expondo as vísceras do nosso sistema prisional, que são semelhantes às vísceras do sistema prisional brasileiro. A rivalidade entre duas organizações criminosas, a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC/SP) levou a uma chacina no principal presídio de Manaus, tornando aberta uma guerra que se mantinha velada, apesar de sangrenta e suja.
Considero correta a atitude do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que prontamente veio a Manaus para visitar o problema e debater com o governador do estado medidas a serem adotadas daqui para frente. Logo no início da crise, contatei o Secretário se Segurança do Amazonas, delegado Sergio Fontes e me coloquei a sua disposição no que pudesse fazer para minorar a dramática situação. Disse-lhe de minha relação de amizade pessoal com o ministro Alexandre Moraes e me ofereci para qualquer tarefa em que, porventura, pudesse ser útil.
Mas a chacina foi a mais bárbara, a mais selvagem, a mais brutal, desde o tristemente célebre episódio do Carandiru. Decapitações, corpos carbonizados, agressões absurdas a cabeças e corpos já sem vida, tudo isso exibiu a face acima de grave da segurança em nosso estado. E o fez para os estarrecidos olhos dos amazonenses e foi manchete ampla no noticiário nacional e internacional.
A Força Nacional deve ser solicitada pelo governador José Melo imediatamente. Centenas de facínoras estão à solta, nas ruas de Manaus, seja porque não retornaram dos festejos de fim de ano os que receberam esse direito, seja porque outro tanto se evadiu durante a confusão estabelecida pela carnificina.
A Força Nacional deve ser requisitada já, porque o PCC perdeu cerca de 60 dos seus criminosos, pela ação criminosa dos criminosos da FDN. A possibilidade de retaliação existe de fato e, além dela, facínoras fora do presídio ameaçam a segurança dos habitantes honrados da cidade que governo.
A disputa mesquinha e perversa pelo controle do tráfico de drogas autorizava que definíssemos como anunciada a tragédia que desfaz nossa imagem de povo hospitaleiro e amigável perante turistas de todo o planeta. Lamentavelmente, anos e anos em que nos empenhamos para divulgar Manaus como destino turístico seguro, fascinante e singular, são jogados na lama por um fato que nada tem a ver com nossa alma pacífica e ordeira. Ao contrário, nosso povo é vítima da insegurança pública que a falta de liderança não sabe banir. Manaus, definitivamente, não merece ser palco desse barbárie que mostrou seres humanos que perderam definitivamente essa condição. Manaus merece paz e proteção.
Temos uma Polícia Civil e uma Polícia militar eficazes. Tem faltado, isto sim, vontade política coordenar essas forças e derrotar as organizações criminosas que se organizam e proliferam dentro e fora das grades.
Manaus não pertence a nenhuma organização mafiosa. Pertence às pessoas de bem que a habitam e lutam honrada e valorosamente por ela.
Os comandantes dessas facções que ainda se encontram na cidade devem capturados e enviados para presídios de segurança máxima distantes do Amazonas. A luta tem de ser sem tréguas contra a selvageria e a impunidade.
A revolta, o sentimento cristão e a vergonha me tiram o sono. A intranquilidade dos manauaras me intranquiliza. A angústia de todos nós me sufoca e mobiliza.



