‘CPI é necessária para investigar outros contratos suspeitos’, defende Alessandra Campêlo
Um dia após a Operação Manaus Caminhos desarticular uma organização criminosa que desviava recursos da saúde no Amazonas, a deputada estadual Alessandra Campêlo (PMDB) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, 21 de setembro, para defender novamente a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa.
“A instalação da CPI é necessária para investigar outros contratos suspeitos firmados entre a Secretaria de Estado da Saúde e organizações sociais que prestam serviços ao Governo com dispensa de licitação, ou seja, com indícios de desvio de dinheiro público conforme confirmaram as investigações da Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Receita Federal”, afirmou a deputada.
Novos casos suspeitos
Em sua fala, a deputada citou o exemplo do contrato emergencial firmado este ano entre a Susam e o Centro de Hemodiálise Ari Gonçalves. Segundo Alessandra, esse instituto já recebeu um total de R$ 4 milhões do Governo com dispensa de licitação para um suposto atendimento dos pacientes renais crônicos. Atendimento precário, pois mais de 100 pacientes renais crônicos já morrem este ano devido ao estado de calamidade pública na saúde.
“Esse contrato tem as mesmas características dos contratos investigados pela Operação Maus Caminhos. Fizeram um contrato sem licitação e reconheceram o instituto como organização social sem fins lucrativos apta a receber recursos públicos. E agora, a gente vai investigar ou vai mandar tudo para a Polícia Federal?”, questionou Alessandra.
CPI tem cinco assinaturas
Até o fim da sessão plenária desta quarta-feira, 21 de setembro, Alessandra já contava com o apoio de mais quatro deputados: José Ricardo Wendling (PT), Wanderley Dallas (PMDB), Vicente Lopes e Luiz Castro (Rede). A deputada não revelou nomes, mas garantiu que até o final do dia teria o apoio de mais dois colegas de Parlamento. São necessárias oito assinaturas para a instalação da CPI.
Sem chances para o reordenamento
A deputada acredita que Operação Maus Caminhos sepultou qualquer possibilidade de o Governo levar adiante a proposta de fechar hospitais, maternidades, CAIMIs e CAICs. A Susam alegava crise econômica, enquanto a investigação da Polícia Federal descobriu que os recursos públicos estavam na verdade sendo desviados pela organização criminosa.
“Depois da Operação Maus Caminhos, o Governo não tem mais a justificativa de dizer que tem crise econômica. Então, acho que essa desculpa acabou, portanto, o governador e o secretário Pedro Elias vão ter que explicar por que as pessoas não têm atendimento, não tem médico, não tem hemodiálise e as coisas não estão funcionando. Eu já vinha dizendo há um ano que dinheiro tem, mas agora foi a Polícia Federal que o dinheiro da saúde estava sendo desviado para a corrupção”.