“Vai, Parceiro!”: pescadores do AM dão piranha bem suculenta para gavião que ajuda a pegar os peixes; veja vídeo
Amazonas – Nas águas calmas da região dos Lagos do Macuricanã, no interior do Amazonas, a pescaria não é apenas uma questão de técnica ou sorte; é uma parceria de confiança entre o homem e a fauna silvestre. Um registro que circula nas redes sociais capturou um momento fascinante de cooperação: um gavião-belo que atua como o “olheiro” oficial de um grupo de pescadores locais.
Para os pescadores Renner Maia e Aldenor Ribeiro, moradores da comunidade Bom Sucesso, o animal não é apenas uma ave de rapina, mas um verdadeiro companheiro de trabalho. Conhecedor profundo dos caminhos do rio, o gavião acompanha a embarcação e sinaliza os locais exatos onde os cardumes se concentram.
Veja vídeo:
“Ele já nos conhece. Nós somos da selva”, explica Renner. A dinâmica é simples e eficiente: os pescadores observam onde o gavião pousa ou sobrevoa com mais atenção. Ali, lançam as redes. Em troca da “dica” certeira, o pássaro recebe o seu quinhão.
O vídeo mostra o exato momento em que essa aliança é selada. Um dos pescadores oferece uma piranha, lançando-a ao rio como “merenda” para o aliado. Com uma visão privilegiada do alto de uma mangueira, o gavião-belo aguarda o peixe boiar para realizar um mergulho preciso, capturando a presa sob os gritos de comemoração dos parceiros humanos: *”Pegou, garoto! Lá vai ele feliz da vida!”*
A interação, embora pareça cinematográfica, tem raízes biológicas e culturais. Segundo a bióloga Cristina Motta Bührnheim, professora da UEA e UFAM, o animal em questão é o **Gavião-belo (*Busarellus nigricollis*)**. Especialista em pescar, essa espécie vive próxima a corpos d’água e possui uma envergadura que pode chegar a 1,30 metro.
Para a especialista, essa associação demonstra como a observação atenta da natureza é uma ferramenta ancestral de sobrevivência. “Observar a natureza ajuda na pesca e na caça”, afirma Cristina, comparando a ajuda do gavião à forma como pescadores utilizam o comportamento dos botos para localizar peixes.
O episódio é um lembrete vívido da riqueza da Amazônia, onde a linha que separa o homem da selva se dissolve em gestos de amizade e respeito mútuo.


