Expulso da UEA, acusado de estupro e sem CRM: quem é o “auxiliar” envolvido em agressão no SPA do Alvorada
Manaus – Após o flagrante de agressão registrado dentro do Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do Alvorada, na zona Centro-Oeste de Manaus, novas informações sobre o “auxiliar de cirurgião”, apontado como autor das agressões contra uma mulher foram encaminhadas ao Portal CM7 Brasil na manhã deste domingo (28). Ele foi inicialmente identificado como o médico responsável, mas documentos oficiais e relatos indicam que ele na verdade é Adriel Martins das Neves, e que não possui formação em Medicina.
De acordo com a Portaria nº 304/2021 da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Adriel foi expulso do curso de Medicina em julho de 2021, após a conclusão de sindicância administrativa que comprovou infração disciplinar grave. O documento, assinado pelo então reitor, aponta que a punição ocorreu com base em dispositivos do regimento interno da universidade.
Desde a exclusão, Adriel não concluiu a graduação e, conforme apurado, não possui registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Mesmo assim, ele continuaria atuando em plantões de forma irregular, sendo remunerado por profissionais que, segundo denúncias, repassariam escalas a ele, prática considerada ilegal.
Relatos de ex-colegas de turma reforçam que Adriel já realizava atendimentos antes mesmo de concluir o curso e que, após a expulsão, teria seguido exercendo a atividade sem habilitação. Ainda segundo esses relatos, ele responde a processo judicial por estupro envolvendo outra aluna e teria sido condenado a sete anos de prisão, embora esteja em liberdade, circunstância que gera questionamentos entre ex-alunos e integrantes da comunidade acadêmica.
Denúncia de agressão no SPA do Alvorada
O caso que trouxe o nome de Adriel novamente à tona ocorreu em 27 de dezembro de 2025, quando a dona de casa Rosicleide Rodrigues Sobrinho denunciou ter sido agredida e ameaçada dentro do SPA do Alvorada ao tentar registrar em vídeo o atendimento prestado à sua mãe, de 65 anos.
Segundo o relato formalizado pela vítima, a idosa foi classificada como emergência após a triagem, mas apresentou piora do quadro enquanto aguardava atendimento, com tremores, palidez e sensação de frio. No consultório, ao solicitar nova aferição da pressão arterial e medicação, Rosicleide teria sido informada de que precisaria aguardar a senha.
Ainda conforme a denúncia, o profissional responsável pelo atendimento teria feito comentários considerados desrespeitosos. Diante disso, a filha passou a filmar a situação. Nesse momento, outro profissional teria se aproximado e feito ameaças, dizendo que quebraria o celular caso a gravação continuasse.
A mulher afirma que, mesmo após guardar o aparelho, continuou sendo intimidada. Ao retomar a gravação, o agressor teria lançado o celular ao chão e a agredido fisicamente, atingindo-a no pescoço. As ameaças teriam continuado inclusive na presença da mãe, que presenciou toda a cena.
Em seu depoimento, Rosicleide relata ter ficado profundamente abalada, mencionando medo, humilhação e sensação de insegurança. Ela também afirma que o agressor se apresentou como auxiliar de cirurgião da unidade.
Investigação e apuração
O caso levanta questionamentos sobre a fiscalização de profissionais que atuam em unidades públicas de saúde e sobre a responsabilidade da gestão na checagem de credenciais. As denúncias envolvendo exercício ilegal da Medicina, agressão e ameaças devem ser apuradas pelas autoridades competentes.
Até então, não havia posicionamento oficial da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) nem da direção do SPA do Alvorada sobre o episódio. No entanto, na manhã deste domingo (28), a SES-AM se manifestou por meio de nota oficial, informando que adotou providências administrativas e judiciais contra o profissional envolvido na agressão à filha de uma paciente que buscava atendimento na unidade de saúde.
