Exclusivo: saiba quem é a médica do Santa Júlia que prescreveu dosagem fatal de adrenalina para menino de 6 anos em Manaus
Manaus – A morte do menino Benício Xavier de Freitas, de apenas 6 anos, ocorrida na madrugada de domingo (23) no Hospital Santa Júlia, em Manaus, ganhou novos desdobramentos após os pais denunciarem que a prescrição da medicação foi feita pela médica Juliana Brasil Santos, CRM 10771-AM, formada em 2019 pelo Centro Universitário Nilton Lins.
Segundo a família, foi a Dr. Juliana Brasil quem realizou o atendimento direto da criança, receitou e carimbou a prescrição médica que determinava a aplicação de adrenalina por via intravenosa em dosagem considerada extremamente elevada para a idade e peso do paciente.
Benício deu entrada na unidade hospitalar às 13h28 do dia 22 de novembro, com tosse seca e suspeita de laringite. Na prescrição eletrônica constava a administração de adrenalina 1mg/ml com orientação de “fazer 3ml puro de 30/30 min 3x”, totalizando 9 miligramas por via intravenosa, quantidade que especialistas apontam ser até 15 vezes superior à recomendada para uma criança da faixa etária.
Logo após a primeira aplicação, Benício ficou pálido, com os pés amarelados e gritou: “Mãe, meu coração está queimando”. Por volta das 23h foi intubado; durante o procedimento começou a vomitar e sangrar pela boca e nariz, sofrendo as primeiras paradas cardíacas. Ao todo foram seis paradas até o óbito às 2h55.
Especialidade médica em apuração
Um detalhe que passou a chamar atenção no caso é a divergência entre a identificação utilizada pela médica e seu registro oficial. Embora o carimbo no receituário traga a indicação “Pediatria”, a consulta no cadastro do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) não aponta título de especialista na área, constando apenas o registro como médica, sem especialidade reconhecida formalmente, o que levanta a questão sobre quais critérios de seleção o Hospital Santa Julia adota para contratação de profissionais na ala pediátrica.
Essa divergência, em um caso que culminou na morte de uma criança, reforça a necessidade de apuração não apenas da conduta individual, mas também dos mecanismos de controle e supervisão do hospital quanto à regularidade dos profissionais que atuam em sua unidade e à observância das normas técnicas e legais da prática médica.
Na prescrição médica aparece o nome do médico Dr. Enryko Garcia de Carvalho Queiroz, porém o próprio hospital esclareceu, em nota, que ele é coordenador da pediatria e que, por protocolo interno, seu nome consta nos atendimentos como responsável pelo setor, mas que quem realizou o atendimento, prescreveu e carimbou foi a médica Juliana Brasil Santos, informação confirmada pelo carimbo no documento.
Nas redes sociais, Enryko afirmou que não participou do atendimento e solicitou formalmente a desvinculação do seu nome do caso.
Investigação
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar possível imperícia, negligência ou imprudência. O laudo necroscópico deve ser concluído em até 30 dias. A família aguarda os resultados para dar andamento às medidas judiciais.
A morte de Benício gerou forte comoção na comunidade acadêmica. O Crea-AM e a Universidade do Estado do Amazonas divulgaram notas de pesar e solidariedade à família.







