Empresa Cenart bloqueia comentários nas redes sociais após população cobrar justiça pela morte de trabalhador
Manaus – A comoção pela morte do operário Antônio Rodrigues, de 40 anos, esmagado durante a montagem da árvore de Natal no Largo de São Sebastião, evoluiu nesta segunda-feira (24) para revolta aberta contra a empresa responsável pela estrutura, a Cenart Arquitetura Artística Ltda. Nas redes sociais, a população passou a cobrar posicionamento da empresa e do seu diretor Jander Lemos, mas os comentários foram bloqueados após uma enxurrada de críticas.
“Triste. Fecharam os comentários na foto do Antônio Paulo que morreu no acidente da montagem dessa árvore”, escreveu um internauta ao perceber que a empresa passou a restringir as interações após as denúncias de negligência ganharem força.
O diretor da empresa, Jander Lemos, também foi cobrado pessoalmente em seus perfis. Muitos exigiam uma postura mínima de respeito, transparência e responsabilidade. Até o fechamento desta matéria, nenhum posicionamento oficial foi emitido pelo diretor da empresa. Outra crítica questionava o silêncio absoluto, mesmo após a tragédia que tirou a vida do trabalhador:
“A empresa não irá se pronunciar em relação ao ocorrido no largo? Cadê a manifestação de pesar com o colaborador?”
Acidente provocado por operação ilegal
O caso aconteceu na manhã de domingo (23). O que seria a festa de abertura do Natal em Manaus terminou em tragédia quando um guindaste tombou e esmagou o trabalhador durante os preparativos da árvore de Natal financiada com recursos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC).
Segundo o Crea-AM, a empresa não tinha qualquer autorização legal para operar o equipamento. A Cenart já havia sido autuada uma semana antes justamente por não apresentar documentação técnica mínima para movimentação de cargas pesadas. Os fiscais encontraram apenas ARTs de elétrica e estrutura metálica — nada relacionado a içamento, atividade de alto risco.
Mesmo assim, a Secretaria de Cultura do governo Wilson Lima permitiu a continuidade da montagem. O resultado foi fatal.
Empresa reincidente: incêndio em 2024 e morte em 2025
A Cenart não é uma estreante em polêmicas. Em 2024, foi a responsável pela estrutura que pegou fogo na mesma praça. Mesmo com o histórico de incidentes, voltou a ser contratada em 2025.
É uma empresa que, desde 2019, tornou-se habituada a contratos milionários com o governo do Amazonas:
2019 – R$ 299 mil
Para “reformar e adaptar” a árvore do Largo São Sebastião, via modalidade convite — prática que restringe concorrência.
2020 – R$ 2,01 milhões, em plena pandemia
Com hospitais colapsados e falta de oxigênio, o governo declarou calamidade para dispensar licitação e pagar três empresas pela mesma árvore. Entre elas, a Cenart.
Ao longo dos anos, a empresa acumulou contratos vultosos, pouca transparência e reincidência em falhas graves de segurança.
Falha do governo: quem autorizou?
O Crea-AM confirmou que até sexta-feira (21) não havia nenhuma ART registrada permitindo operação de guindaste no local. O único documento existente autorizava apenas um caminhão-munck — que também foi autuado.
Mesmo assim, a obra foi liberada pela SEC, numa área extremamente movimentada e turística, em pleno Centro Histórico.
A pergunta da população agora é direta:
Quem autorizou uma empresa autuada dias antes a operar um guindaste proibido? Quem assumirá a responsabilidade pela morte de Antônio Rodrigues?
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