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Caso Benício: médica tenta culpar sistema do Santa Júlia, mas vídeo mostra que ela não sabe usar app de prescrição

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Caso Benício: médica tenta culpar sistema do Santa Júlia, mas vídeo mostra que ela não sabe usar app de prescrição

Amazonas  – Um novo vídeo obtido pela reportagem do CM7 coloca em xeque a principal tese da defesa da médica Juliana Brasil Santos, investigada pela morte do menino Benício Xavier, de 6 anos. Nas imagens, apresentadas pelos próprios advogados como suposta prova de falhas no sistema Tasy — o software de gestão hospitalar utilizado pelo Hospital Santa Júlia — é possível ver que, ao tentar demonstrar o “erro do sistema”, a médica comete uma falha básica de navegação: ao invés de clicar na aba “Medicação”, ela seleciona “Solução”, o que naturalmente restringe as opções disponíveis e faz aparecer apenas a via intravenosa.

A situação desmonta a alegação de que o sistema alteraria sozinho a via de administração do medicamento. O que o vídeo de fato evidencia é imperícia no uso do Tasy, um software amplamente utilizado em hospitais brasileiros e reconhecido justamente pela precisão e segurança em processos de prescrição.

Veja vídeo:

Imperícia revelada no vídeo

No momento em que deveria demonstrar como prescreveu a via inalatória para Benício, Juliana seleciona a opção errada dentro do sistema. Por isso, a única via exibida é a intravenosa — comportamento normal do programa, e não um “bug”.

Especialistas consultados afirmam: se a médica tivesse clicado corretamente em “Medicação”, a opção de via inalatória (nebulização) apareceria normalmente.

Esse detalhe técnico coloca sob forte questionamento a versão apresentada no habeas corpus, segundo a qual o sistema teria alterado automaticamente a via prescrita.

Responsabilidade do hospital também é apontada

Apesar de o vídeo expor falhas de operação por parte da médica, isso não isenta o Hospital Santa Júlia de responsabilidade. A exigência de domínio do sistema Tasy — responsável por todo o fluxo de atendimento, prontuário e prescrição — é fundamental para a segurança do paciente. Contratar profissionais sem treinamento adequado compromete o padrão de cuidado e expõe vidas a riscos evitáveis.

O que diz o sistema Tasy

Desenvolvido pela Philips, o Tasy é um software completo de gestão hospitalar utilizado em hospitais, clínicas e operadoras de saúde em todo o país. Ele integra desde o prontuário eletrônico até o controle financeiro, sendo conhecido pela estabilidade e precisão nos processos de prescrição. A plataforma só executa aquilo que é selecionado pelo usuário — não há alteração automática de vias de administração sem ação humana.

O que os advogados dizem

No habeas corpus preventivo, os advogados Felipe Braga de Oliveira e Alessandra Seriacopi Vila insistem que o erro de prescrição decorreu de uma instabilidade do sistema no dia do atendimento. Eles afirmam que a médica selecionou corretamente a via de nebulização, mas que o software teria alterado automaticamente para a via intravenosa sem que ela percebesse. O documento cita ainda o depoimento do pediatra Luiz Felipe Sordi, que fala em possíveis mudanças automáticas no caso de medicamentos de alta vigilância. No entanto, o vídeo apresentado derruba essa narrativa ao expor que a própria médica acessou a aba errada, conduzindo o sistema a exibir exatamente as opções correspondentes ao que ela clicou.

A defesa também argumenta que Juliana não aplicou a medicação e que só soube da administração intravenosa após ser chamada pela equipe. Ela teria encaminhado Benício para a sala vermelha, solicitado transferência para a UTI, prescrito o antídoto adequado e acompanhado o caso mesmo após o fim do plantão. Os advogados sustentam que não houve dolo, apenas um erro, e que a técnica de enfermagem falhou na checagem antes de aplicar o medicamento, apesar dos questionamentos feitos pela própria mãe da criança.

Contradições

Enquanto isso, a Polícia Civil segue investigando o caso sob a tipificação de homicídio doloso qualificado. O delegado Marcelo Martins já ouviu profissionais envolvidos, incluindo o enfermeiro Tairo Neves, que afirmou ter trabalhado sozinho no momento em que Benício sofria a orverdose de adrenalina, contrariando a versão da médica. Uma acareação entre Juliana e a técnica está marcada para o dia 4, e outras testemunhas seguem sendo ouvidas.

O vídeo, que deveria fortalecer a tese de falha sistêmica, acabou escancarando uma realidade ainda mais grave: a ausência de preparo técnico para operar um sistema que lida diretamente com decisões vitais. A tragédia que tirou a vida do pequeno Benício expõe tanto erros individuais quanto falhas estruturais, e reforça a urgência de responsabilização e mudanças profundas nos protocolos de capacitação dentro das unidades de saúde.



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