Bebês estão sofrendo queimaduras em hospitais do Amazonas e mães denunciam negligência do Estado; veja vídeo
Manaus – Casos chocantes de queimaduras em recém-nascidos internados em hospitais públicos do Amazonas estão revoltando mães e reacendendo o debate sobre a crise na saúde estadual. Em dois episódios recentes, bebês foram vítimas de supostos erros e negligência médica dentro de unidades administradas por Organizações Sociais de Saúde (OSS), o que tem levantado sérias dúvidas sobre a qualidade da assistência prestada pelo Governo do Estado.
O primeiro caso aconteceu na Maternidade Balbina Mestrinho, localizada no bairro Praça 14, zona sul de Manaus. A mãe, identificada como Kethllen, disse que seu filho sofreu “descanso e negligência médica”. Segundo ela, o bebê foi internado na sexta-feira (17) com suspeita de gripe e levado para a reanimação, setor em que não é permitido o acompanhamento de familiares. A mãe conta que só podia pegar o boletim médico em horários específicos — às 10h, 11h e 12h — e, quando finalmente conseguiu ver o filho, notou que algo estava errado.
“Eu fui pegar ele porque estava chorando muito, e quando vi, os dois pés dele estavam queimados. Perguntei o que tinha acontecido, e um médico jogava a culpa no outro. Disseram que um remédio tinha vazado na veia, mas isso é mentira, porque os dois pés estão queimados. Eles não estavam cuidando do meu filho”, desabafou Kethllen. Ainda segundo ela, a equipe da reanimação tentou transferir a responsabilidade para a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), mas o problema teria ocorrido ainda no primeiro setor onde o bebê estava internado.
Enquanto a mãe busca explicações, outro caso semelhante ocorreu no Instituto da Mulher Dona Lindu, atualmente rebatizado pelo Governo do Estado como Complexo Hospitalar Sul – Padrão Delfina. De acordo com relatos de familiares e servidores, uma criança foi queimada por um bisturi elétrico dentro da unidade hospitalar, fato que gerou revolta entre pais e mães que aguardavam atendimento no local. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram a indignação de familiares diante da falta de resposta e de providências por parte da direção.
Esses episódios ocorrem em meio a uma série de denúncias contra a empresa AGIR, responsável pela administração de unidades como o Hospital 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu. Desde que o governador Wilson Lima e a secretária estadual de Saúde transferiram a gestão dessas unidades para a OSS, servidores denunciam sucateamento, falta de estrutura e substituição de profissionais experientes por mão de obra mais barata. A consequência, segundo os próprios funcionários, é o aumento da sobrecarga de trabalho, falhas nos atendimentos e risco constante para pacientes e recém-nascidos.
“Estão tirando os profissionais que conhecem a rotina das unidades para colocar pessoas sem experiência. O resultado é o caos que estamos vendo: erros, negligência e sofrimento das famílias”, disse um servidor que pediu anonimato por medo de retaliações.
Diante da gravidade dos casos, a população cobra respostas da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), que até o momento se mantém em silêncio, e espera uma atuação firme do Ministério Público do Estado (MP-AM) para investigar e responsabilizar os envolvidos.