“Até quando?”: tragédia na Ponte do Rio Negro expõe o silêncio e o perigo da depressão em Manaus
Manaus – Até quando a dor silenciosa vai ceifar vidas? No último domingo, 25 de maio, a comunidade da Compensa 1, na zona oeste de Manaus, foi abalada pela perda de um de seus moradores, conhecido como Dadá. Em um ato extremo, ele se lançou da Ponte Jornalista Phelippe Daou, conhecida como Ponte do Rio Negro, deixando para trás uma história marcada por perdas, depressão e a ausência de uma rede de apoio que pudesse mudar seu destino.
Dadá, descrito por vizinhos como um pai de família trabalhador e humilde, enfrentava dificuldades financeiras e carregava o peso de tragédias pessoais. A morte de sua mãe e, posteriormente, de uma de suas filhas, marcaram o início de um quadro depressivo que o transformou. “Ele era pacato, de boa índole, mas depois das perdas, se fechou. Caminhava em silêncio pelas ruas, sem incomodar ninguém”, relatou uma moradora que preferiu o anonimato. Apesar dos sinais de sofrimento, Dadá não recebeu o suporte necessário para enfrentar sua batalha interna.
Boatos sobre problemas conjugais circularam, mas não foram confirmados. O que se sabe é que a depressão, agravada pelas perdas, o consumiu aos poucos, culminando na tragédia que chocou a comunidade. A Ponte do Rio Negro, essencial para conectar Manaus a cidades como Iranduba, Manacapuru e Novo Airão, tem se tornado, infelizmente, um cenário recorrente para casos como esse, evidenciando a urgência de medidas preventivas.
Essa tragédia reacende o debate sobre a saúde mental e a necessidade de políticas públicas que ofereçam suporte psicológico acessível, especialmente em comunidades vulneráveis. Dadá, segundo amigos, foi mais uma vítima de uma depressão silenciosa, que passa despercebida até ser tarde demais. “É uma dor que não grita, mas destrói”, lamentou um vizinho.
