Após 5 anos e meio do Caso Flávio, Alejandro foge da vida pública e ‘Betinha’ vira influencer para esconder passado sombrio
Manaus – Passados cinco anos e seis meses desde o assassinato brutal do engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos, em 29 de setembro de 2019, o caso segue como um grito de injustiça ecoando pelas ruas de Manaus. No centro dessa tragédia macabra estão Alejandro e Paola Valeiko, filhos de Elizabeth Valeiko, que usaram da influência política para tentar escapar das consequências de um crime que chocou a cidade. Enquanto Alejandro, acusado de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, sumiu da vida pública, Betinha emergiu como influencer nas redes sociais, numa tentativa descarada de reescrever um passado encharcado de sangue e impunidade.
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O crime aconteceu no condomínio de luxo Passaredo, bairro Ponta Negra, onde Flávio foi visto pela última vez numa festa na casa de Alejandro. Horas depois, seu corpo foi encontrado num terreno no Tarumã, com marcas de espancamento e facadas. A investigação revelou um enredo sinistro: Alejandro foi apontado como o executor, enquanto Paola, sua irmã, ajudou a limpar manchas de sangue da cena, sendo denunciada por fraude processual. Apesar das graves acusações, a família Valeiko – ligada ao ex-prefeito Arthur Virgílio Neto, padrasto dos irmãos – conseguiu manobrar o sistema, e Alejandro foi absolvido em 2022, num processo que muitos classificam como uma farsa orquestrada pelo poder.
“Betinha”, longe de demonstrar remorso ou solidariedade à família de Flávio, assumiu o papel de mãe defensora do indefensável. Em vez de colaborar com a justiça, ela pintou Alejandro como “um doente”, vítima de uma sociedade cruel, e não como o responsável por um assassinato brutal. Hoje, aos 62 anos, Betinha se refugia nas redes sociais, postando vídeos de poesias e mensagens de autoajuda – como “A vida é um sopro que merece ser vivido” – numa tentativa cínica de apagar o rastro de crimes da família. Ela ainda usa a plataforma para apoiar Arthur Virgílio, que, após uma derrota humilhante nas eleições de 2022 tentando se agarrar ao bolsonarismo, perdeu qualquer vestígio de relevância política.
O caso Flávio vai além dos Valeiko e expõe a fragilidade de um sistema judicial que parece curvar-se diante do poder. O delegado Aldney Góes, que investigou o crime inicialmente em Manaus, foi assassinado em 28 de outubro de 2023, enquanto tirava férias no Pará, em circunstâncias que, embora não oficialmente ligadas ao caso, levantaram suspeitas. Elizeu da Paz de Souza, testemunha-chave presente na festa, também foi silenciado: executado em 4 de novembro de 2024 por Mayc Vinicius Teixeira Parede, este último, segundo a narrativa “oficial” da Justiça: o verdadeiro assassino de Flávio. Esses assassinatos, somados à absolvição de Alejandro, reforçam a percepção de que a verdade foi sistematicamente abafada.
Para a família de Flávio, o luto é agravado pela impunidade. Cinco anos e meio depois, eles ainda carregam a dor de uma perda irreparável e a frustração de ver os responsáveis livres. Alejandro, hoje recluso, foge da exposição pública como quem teme o julgamento popular que a justiça formal negou.
O legado dos Valeiko é um tapa na cara da sociedade manauara: uma demonstração crua de como o poder pode comprar silêncio e distorcer a justiça. Enquanto Betinha posa de influencer e Alejandro se esconde, a população clama por respostas, mas o sistema, complacente com os poderosos, segue falhando. O caso Flávio não é só uma tragédia pessoal – é um alerta de que, sem uma justiça forte e imparcial, famílias como os Valeiko continuarão acima da lei, deixando vítimas como Flávio sem paz e a verdade enterrada.