“Mãe da mata me chamou”: caçador do Amazonas conta como sobreviveu 50 dias perdido na floresta; veja vídeo
Manaus – O mistério que cercava o desaparecimento do caçador Magnilson da Silva Araújo, de 34 anos, por mais de 50 dias na floresta amazônica ganhou contornos surpreendentes após seu resgate. Encontrado com vida na última quarta-feira (28), em uma área de mata fechada próxima ao Ramal do Tumbira, entre Manacapuru e Novo Airão, Magnilson relatou ter sido guiado por uma entidade espiritual da floresta que se apresentava como a “mãe da mata”.
Segundo relatos da família, Magnilson desapareceu no dia 7 de abril, durante uma caçada com dois moradores da região. Em determinado momento, ele optou por seguir um caminho alternativo sozinho, e desde então, não havia sido mais visto. O sumiço mobilizou familiares, voluntários e equipes do Corpo de Bombeiros de Manaus e Novo Airão por mais de dez dias. Sem pistas concretas, as buscas cessaram oficialmente, mas moradores e parentes continuaram atentos à região.
Foi só mais de 50 dias depois que ele reapareceu, visivelmente debilitado e desidratado, após caminhar até uma residência na zona rural, onde foi acolhido por uma família evangélica. A comoção foi imediata. O reencontro com os familiares só foi possível após uma postagem nas redes sociais sobre o resgate.
O irmão de Magnilson, Francisco da Silva Araújo, revelou detalhes do relato que o caçador fez à imprensa e à família. “Ele disse que estava encantado, que havia uma mulher que chamava por ele na mata. Essa mulher se identificava como a ‘mãe da mata’, e ele a seguia. Caminhava muito, mas sempre acabava voltando para o mesmo lugar”, contou. “Ele ficou atordoado, tentou tirar a própria vida, mas não tinha mais cartuchos. Aí orou e foi guiado até a casa onde conseguiram ajudá-lo”.
A figura mencionada por Magnilson não é desconhecida nas lendas amazônicas. A “mãe da mata” é uma entidade mística do imaginário popular da região, tida como guardiã da floresta. Para alguns, é uma protetora da natureza; para outros, uma força que pune ou desorienta aqueles que adentram seus domínios com intenções indevidas. Histórias de encantamento e desorientação são recorrentes entre ribeirinhos e moradores do interior do Amazonas.
Apesar do misticismo do relato, o estado físico e mental de Magnilson ao ser encontrado indicam que ele enfrentou dias de extrema vulnerabilidade. Devido à fraqueza, ele passou mal após receber comida e precisou ser levado às pressas pelo Corpo de Bombeiros a uma unidade de saúde em Manacapuru, onde permanece internado.
Ainda sem condições de relatar com clareza os detalhes da sua sobrevivência, a história de Magnilson levanta debates entre o sobrenatural e o psicológico. Especialistas apontam que longos períodos de isolamento, fome e desidratação podem levar a alucinações e estados de delírio. Para a família, no entanto, a explicação está entre o sagrado e o inexplicável: “Deus botou a mão na vida dele”, disse uma parente emocionada.
Enquanto se recupera, Magnilson deve continuar sendo acompanhado por profissionais de saúde e receber apoio psicológico. Sua volta é celebrada como um milagre por muitos na comunidade — e seu relato, mais um capítulo da rica e enigmática relação entre o homem e a floresta amazônica.
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