Governo do Amazonas foi alertado sobre riscos no presídio de Maués antes da fuga em massa de detentos
Amazonas – O Presídio Regional de Maués voltou a chamar atenção para a precariedade da segurança no sistema penitenciário do Amazonas após a fuga de 14 detentos na última quarta-feira (24). A evasão ocorreu durante o banho de sol, quando os presos conseguiram serrar uma grade no pátio da unidade. Até o momento, apenas dois foram recapturados, e entre os fugitivos há pessoas com antecedentes por roubo, homicídio e tráfico de drogas, aumentando o temor da população local.
Fontes ligadas à administração pública confirmam que o Governo do Amazonas havia sido alertado sobre a carência de agentes penitenciários na unidade, mas não tomou medidas efetivas. Vereadores de Maués já haviam solicitado formalmente reforço tanto na equipe do presídio quanto no efetivo da Polícia Militar, sem que houvesse atendimento às demandas. Entre as necessidades apontadas estava a presença de uma agente feminina para revistas em detentas.
Desde fevereiro, a Câmara Municipal de Maués vinha alertando sobre os riscos da inauguração do Novo Presídio Regional sem o aumento do efetivo policial. A cidade, com menos de 20 policiais militares e um número reduzido de agentes civis, não teria estrutura suficiente para absorver a chegada de detentos de diferentes municípios do Baixo Amazonas. Parlamentares também defendiam reforço na Polícia Civil, criação de batalhão da PM e disponibilização de mais viaturas para a segurança urbana e rural.
O Presídio Regional, localizado a cerca de 4,3 quilômetros do centro da cidade, recebe detentos de diversos municípios da região e é administrado pelo Governo do Amazonas. A Polícia Militar oferece apenas apoio pontual à unidade. Moradores relatam que o efetivo policial é insuficiente para garantir a segurança da população, considerando que a cidade tem mais de 66 mil habitantes.
Os problemas em Maués refletem um cenário mais amplo de fragilidade da segurança pública no interior do estado. Ao longo de 2025, registros de violência, fugas, arrombamentos e ameaças de facções ocorreram em municípios como Tonantins, Santo Antônio do Içá, Fonte Boa e Alvarães. A precariedade estrutural levou até à interdição de delegacias e à constatação de condições insalubres em carceragens, segundo inspeções do Ministério Público do Amazonas.
Relatórios apontam que a falta de efetivo e infraestrutura compromete o controle de presos, a realização de visitas familiares e até a segurança básica de servidores e da população. A presença de facções criminosas em diferentes municípios aumenta a pressão sobre sistemas locais já fragilizados, elevando a sensação de insegurança em comunidades ribeirinhas e pequenas cidades.
Diante do cenário, o governo federal manteve a atuação da Força Nacional de Segurança Pública em municípios do interior, como Coari e Barcelos, evidenciando a necessidade de reforço externo para conter a criminalidade onde o aparato estadual se mostra insuficiente.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) foram procuradas para prestar esclarecimentos sobre a falta de reforço na segurança do presídio e do município, mas não se manifestaram até a publicação desta matéria.




