Fiscalização revela ausência de especialistas na UTI do Complexo Hospitalar da Zona Sul
Amazonas – Uma fiscalização realizada no Complexo Hospitalar da Zona Sul, que engloba o Hospital 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu, reacendeu o debate sobre a qualificação dos profissionais que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da rede estadual. A inspeção foi conduzida pelo deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza), que acompanha os serviços prestados pela Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (AGIR), responsável pela administração das unidades.
Durante a visita, Wilker questionou a direção clínica da organização sobre a composição da equipe médica de terapia intensiva, incluindo quantos médicos diaristas e plantonistas possuem título de especialista em Medicina Intensiva. Segundo o parlamentar, a resposta dada pelo diretor clínico levantou preocupação: não haveria exigência de especialização para atuar na UTI, e “qualquer médico” com CRM poderia trabalhar no setor, supostamente com respaldo do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Deputado alerta para riscos em setores críticos
Wilker afirmou que a ausência de especialistas em áreas como a UTI representa um risco significativo, já que decisões rápidas e altamente técnicas são essenciais nesses ambientes. Para ele, a prática adotada por organizações sociais na rede estadual pode comprometer a qualidade do atendimento.
O parlamentar também declarou que algumas OSS estariam substituindo profissionais experientes por médicos menos especializados, priorizando redução de custos. “A experiência tem preço, a especialização tem preço. E hoje o pré-requisito das OSS é o custo — não a vida”, destacou.
O deputado disse que a falta de exigência de título de especialista para atuação na UTI precisa ser debatida com urgência. “Será que, em um momento crucial, em que um minuto pode definir o desfecho de um atendimento, a experiência não deveria ser levada em consideração?”, questionou.
Wilker anunciou que está formalizando pedidos de investigação sobre o caso. Ele afirmou que acionou a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa para convocar o responsável técnico da AGIR e que comunicará o Ministério Público a fim de que os critérios de contratação e alocação de equipes médicas sejam avaliados.


