Empresa Pri Apoio acumula R$ 271 milhões em contratos com a SEDUC e é alvo de suspeitas de superfaturamento
Amazonas – Uma teia de contratos milionários, aditivos sem justificativa e manobras empresariais suspeitas. É esse o cenário que envolve a empresa Pri Apoio Administrativo e Operacional Ltda, uma das queridinhas da Secretaria de Educação do Amazonas (SEDUC-AM), que entre 2021 e 2025 recebeu mais de R$ 271,1 milhões do Governo do Estado para realizar serviços de limpeza em escolas públicas.
O valor astronômico e as irregularidades identificadas levaram o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) a determinar a suspensão imediata do Contrato nº 31/2021 e de todos os seus aditivos. O motivo: aumento injustificado de valores e fortes indícios de prejuízo ao erário.
Contratos com aditivos suspeitos
O Contrato nº 31/2021 previa, inicialmente, um pagamento mensal de R$ 2,3 milhões, somando R$ 28,3 milhões ao ano. Pouco tempo depois, o valor mensal saltou para R$ 3,6 milhões, o que representa R$ 43,6 milhões anuais — um aumento de 53,95% por mês e mais de 80% por ano, sem qualquer comprovação de melhoria na execução dos serviços.
Mesmo assim, a empresa acabou embolsando R$ 132,6 milhões ao longo da vigência do contrato.
O conselheiro Mário de Mello, relator do caso no TCE-AM, classificou o aumento como “injustificado e lesivo aos cofres públicos”, e determinou a suspensão dos pagamentos até nova análise técnica.
Já o Contrato nº 33/2021 foi ainda mais generoso: R$ 138,4 milhões pagos entre 2021 e 2025, com previsão de aditivos que chegam a R$ 43,3 milhões anuais até 2026. O custo mensal do serviço passou de R$ 23,9 milhões em 2021 para R$ 39,5 milhões em 2025 — um salto que contrasta com a realidade precária das escolas estaduais.
Em meio aos repasses milionários, a Pri mudou de nome duas vezes. Primeiro, virou New Pri Serviços de Conservação e Limpeza Ltda.. Depois, passou a se chamar Potencial Serviços Terceirizados de Conservação, Manutenção e Limpeza Ltda.
Mas os sócios continuam os mesmos: Adinildo Amaral de Lira e Hinaldo Sérgio de Melo Rodrigues. As alterações na razão social levantam suspeitas de que a empresa tenta apagar seu histórico e driblar sanções impostas por fiscalizações anteriores.
Fontes próximas ao TCE-AM afirmam que o grupo atua há anos com contratos de alto valor junto ao governo estadual, especialmente nas áreas de limpeza e manutenção, sempre cercado por questionamentos sobre sobrepreço e baixa qualidade.
Precarização da educação
Enquanto a empresa acumula contratos milionários, a realidade nas escolas da rede estadual é de abandono e descaso. Banheiros sujos, salas abafadas e falta de produtos básicos de higiene continuam sendo queixas diárias de alunos e professores. Um exemplo da crise que assola a educação é a posição vergonhosa do Amazonas no índice de desempenho no último Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que amargou no último lugar, entre todos os estados da federação.
O episódio envolvendo a Pri Apoio Administrativo e Operacional Ltda. evidencia as falhas estruturais de controle e transparência na gestão estadual.
Veja documentos: