“Do bolso do povo!”: Wilson Lima libera R$ 8 milhões a Rozenha para a Copa da Floresta em plena crise fiscal
Amazonas – Em meio a cortes de gastos e a um cenário de crise em áreas essenciais, o governador Wilson Lima (União Brasil) autorizou o repasse de R$ 8 milhões à Federação Amazonense de Futebol (FAF), presidida pelo deputado estadual Rozenha (PMN), para a realização da chamada Copa da Floresta. O valor foi liberado sem licitação, por meio de dois termos de patrocínio assinados pela Secretaria de Estado do Desporto e Lazer (Sedel).
Dos recursos, R$ 1 milhão será destinado à versão feminina do torneio, comandada pela deputada Alessandra Campelo (PSD) — também aliada do governador. Na prática, o governo financia um projeto criado e executado por sua própria base política, em um movimento que mistura esporte, interesse eleitoral e uso de verbas públicas.
Patrocínio milionário sem concorrência
Os documentos oficiais mostram que os repasses foram autorizados com base em inexigibilidade, ou seja, sem disputa pública entre entidades.
O primeiro contrato, de R$ 7 milhões, foi formalizado sob o nome “A Floresta é a Bola da Vez”, com validade de janeiro a dezembro de 2025. O segundo, de R$ 1 milhão, destina-se à Copa da Floresta Feminina, com vigência até abril de 2026. Ambos foram publicados no Diário Oficial do Estado e descrevem a FAF como única beneficiária.
A federação, porém, é presidida por Rozenha, deputado que integra o mesmo grupo político de Wilson Lima. E parte do dinheiro vai para um projeto articulado por Alessandra Campelo, também da base do governo. O resultado é um ciclo fechado: o governo libera, os aliados recebem e executam.
Dinheiro antes do decreto de contenção
O mais grave é que o repasse de R$ 8 milhões ocorreu antes do Decreto nº 52.617, publicado em 6 de outubro de 2025, que restringe gastos em todo o Poder Executivo sob o argumento de “crise fiscal” e necessidade de “equilíbrio nas contas públicas”.
Em outras palavras, Wilson Lima liberou milhões a aliados dias antes de anunciar o corte de despesas. Enquanto secretarias enfrentam limitações para empenhos básicos, o governo garantiu o financiamento de um campeonato com forte apelo eleitoral.
Prioridades invertidas
A liberação dos recursos contrasta com a situação de abandono de áreas fundamentais do Amazonas. O Estado amarga o último lugar no Enem entre todas as unidades da federação, enfrenta operações policiais por fraudes na saúde, e vê a segurança pública sucumbir à falta de planejamento e estrutura.
Mesmo diante desse cenário, Wilson Lima decidiu investir R$ 8 milhões em um torneio político-disfarçado de projeto esportivo, com execução concentrada em figuras que compõem sua própria base na Assembleia Legislativa.
A FAF, que deveria atuar como uma entidade esportiva independente, tornou-se um instrumento de conveniência política, servindo mais aos interesses de quem governa do que ao desenvolvimento do futebol amazonense.
Com a Copa da Floresta financiada por aliados e para aliados, o governo Wilson Lima reforça um padrão conhecido: o uso de recursos públicos como ferramenta de autopromoção política, enquanto a população continua sem ver resultado real nos serviços que mais precisa.
Confira o documento: