Amazonas aparece no topo do ranking de violência contra mulheres no Brasil, aponta levantamento
Um recente levantamento nacional acendeu um alerta vermelho para a segurança das mulheres no Amazonas. O estado figura entre os piores do país em taxas de homicídios femininos, especialmente aqueles cometidos com o uso de armas de fogo. O cenário retratado pelo estudo “Pela Vida das Mulheres: O Papel da Arma de Fogo na Violência de Gênero”, do Instituto Sou da Paz, revela uma realidade alarmante que exige respostas imediatas do poder público e da sociedade civil.
De acordo com a pesquisa, o Amazonas está entre os estados com taxas de feminicídios por arma de fogo entre 2,9 e 4,0 mortes por 100 mil mulheres, número que o coloca em destaque negativo no mapa da violência de gênero no Brasil. A situação se agrava ao considerar os homicídios femininos em geral: a taxa varia de 5,3 a 9,7 óbitos por 100 mil mulheres, colocando o estado entre os mais letais para a população feminina.
Além dos números frios, o estudo traz uma constatação preocupante: a casa, espaço que deveria representar segurança, é um dos ambientes mais perigosos para as mulheres. A posse legal de armas de fogo dentro do lar aumenta significativamente os riscos de violência doméstica evoluir para casos fatais.
Embora o relatório não detalhe os dados específicos da capital, Manaus, a inclusão do Amazonas entre os estados com maiores índices de violência letal contra mulheres sugere que o problema também se manifesta com força na região metropolitana. A capital concentra grande parte da população e, historicamente, reflete os altos índices de criminalidade e desigualdade social presentes no estado.
Outro dado alarmante destacado pelo levantamento é o aumento expressivo da violência armada não letal contra mulheres na região Norte, que registrou alta de 29% nas notificações em 2023 em relação ao ano anterior. O crescimento dessa violência, embora não resulte em mortes, é um indicativo do ambiente de risco constante enfrentado por milhares de mulheres.
O uso de armas de fogo em episódios de violência de gênero, como aponta o estudo, não é um fator isolado. Ele se insere em um contexto mais amplo de acesso facilitado a armamentos, fragilidade de políticas públicas de proteção e impunidade para agressores. Para especialistas em segurança pública e direitos humanos, o desmonte de políticas de controle de armas e o esvaziamento de programas de proteção à mulher agravam ainda mais a crise.
Diante deste cenário, organizações civis e entidades de defesa dos direitos das mulheres cobram a implementação urgente de políticas públicas mais eficazes, que contemplem desde o reforço à rede de proteção e acolhimento até ações educativas e de prevenção à violência de gênero.
O estudo do Instituto Sou da Paz funciona como um termômetro social e um chamado à ação. A violência contra mulheres no Amazonas não pode mais ser tratada como estatística ou exceção — é uma realidade cotidiana e urgente, que demanda compromisso político, investimento em políticas sociais e mudança cultural profunda.